quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Em Jaboatão-PE, prefeito dá caixões e dona de bordel é candidata
A dona de um bordel, um cantor brega, um evangélico e um político populista que distribui caixões à população carente são as atrações da eleição deste ano em Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana de Recife. Em comum, eles têm a pretensão de convencer os eleitores do segundo município mais importante de Pernambuco em número de eleitores e orçamento.
Fonte: Último Segundo
Lá os holandeses foram expulsos do Brasil na última Batalha dos Guararapes, mas nos últimos 50 anos a cidade nunca teve muita sorte com os seus políticos, que se destacaram por alto índice de corrupção ou incompetência administrativa. O município lidera a lista de vereadores e prefeitos acusados de irregularidades no Tribunal de Contas do Estado (TCE), com 72 nomes denunciados.
Um deles é o atual prefeito Newton Carneiro (PRB) que, aos 86 anos, tenta a reeleição. Ele já foi deputado estadual e ergueu sua reputação construindo abrigos com telhas de zinco nos bairros populares de Recife – algo não muito apropriado para o clima local – e distribuindo caixões para famílias pobres. Newton é um fenômeno eleitoral, mas está longe de ser considerado um estadista. O TCE o acusa de má gestão no uso das verbas públicas.
Há mais de cinco décadas na política, Carneiro é conhecido pelo estilo folclórico. Ele tem o hábito de sacar bolachas do bolso do paletó e oferecer às pessoas na rua e preserva o hábito de andar com uma das barras da calça arregaçada para demonstrar "simplicidade".
Do ponto de vista eleitoral, a estratégia de Carneiro não está dando resultado. O candidato do PT, o deputado André Campos, que reuniu uma coligação de 15 partidos, lidera a preferência dos eleitores que de certa forma estão cansados das estripulias do atual prefeito. Outro adversário relevante é o deputado federal Paulo Rubem Santiago, que deixou o PT e disputa pelo PDT.
O palanque do prefeito de Jaboatão reflete esse estilo peculiar. O seu candidato a vice é o deputado federal e cantor gospel Marcos Antônio, conhecido como Negão Abençoado. Não menos folclórico, o parlamentar dá "canjas" nos atos de campanha. Carneiro tem caprichado nas promessas bizarras. Entre elas, promete construir um cemitério especial para enterrar "bandidos" na cidade.
Em termos de bizarrice, o prefeito está bem acompanhado por alguns candidatos a vereador. Disputam pela primeira vez vaga na Câmara Municipal o famoso cantor brega Reginaldo Rossi (PST) e a administradora de bordel Odete Miranda (PTC).
Rossi, que divide a sua nova agenda política com seus compromissos artísticos, vem se apresentando como uma alternativa "ética" na cidade, já que "não precisa da política para sobreviver". "Eu faço os meus shows e ganho dinheiro", diz o cantor. Já Odete Miranda tem um slogan sugestivo: "Um caso de amor por Jaboatão". Dona da casa noturna Maison d'Odete, ela foi presa no final de 2007 acusada de aliciar crianças e adolescentes.
Os esportes, as lágrimas e o "aproveitamento"
Gomes Silva
A Olimpíada da China avança para o seu final. Até lá muitas lágrimas – de alegrias ou de tristeza -, ainda vão descer rosto abaixo. Alguns atletas serão “imortalizados”, ovacionados, carregados nas costas dos fãs e admiradores e até ganharão comendas como recompensa além das cobiçadas medalhas; outros, infelizmente, voltarão para casa tristes, humilhados, sentindo-se derrotados e fracassados ante os olhares repugnantes de muitos que, desses suadores, aguardavam ou aguardam soltar o grito de alegria, afogando, assim, suas decepções do dia a dia no podium dos vencedores.
O esporte continua movimentando bilhões e mais bilhões de reais pelos campos, ginásios, arenas, parques aquáticos etc nos quatro cantos da terra, e homens de ternos e gravata constroem a sua história através de edificação de suntuosas cidades, tudo isto à custa de sofridos atletas que, às vezes, não têm sequer dinheiro para se deslocarem para os locais de treinamentos ou de competições.
É bem verdade que uma boa parte dos medalhistas tem famílias abastadas, condições e tempo para se prepararem visando às competições. Contudo, a maioria dos atletas vem de famílias carentes, sem uma boa alimentação e condições mínimas necessárias para atingir seus objetivos. Apenas com a cara, a coragem e a esperança de um futuro brilhante ajudados apenas pelos esforços de pais que sofrem para bancar as despesas. Tanto é verdade que sempre que um atleta consegue um feito, agradece aos pais pelo que lhe proporcionaram.
Mas nem sempre os perdedores são perdedores. Lutar sempre, desistir jamais tem sido o lema de muitos atletas, que sofrem por causa de uma razão. E quando não vencem buscam força na derrota para encarar os próximos desafios sem olhar para as críticas nem se alto derrotando, mesmo se derretendo em lágrimas por não alegrar seus incentivadores e colaboradores, na maioria das vezes, seus próprios pais.
O que não é admissível é ver um grande número de atletas competindo, defendendo as cores do país, e longe deles, em Brasília, um grupo de engravatados querendo aparecer. E das tribunas muito tentam encontrar culpados pelo fato de o Brasil para não ter alcançado o êxito esperado em algumas modalidades, a exemplo do que aconteceu com a Seleção Brasileira de Futebol ao ser derrotada pela rival Argentina. E aí ficam os presidentes da Câmara e do Senado Federal criticando os atletas e pedindo a cabeça do técnico Dunga.
Queria eu estar de frente com esses homens que se dizem representante do povo para perguntar-lhes: qual a contribuição deles para a formação de um simples atleta. E mesmo que tivesse não teria nenhuma razão para exigir, pois o ser humano é limitado e não é invencível. E poderiam até pensar que, num país onde o futebol é desorganizado e o incentivo à prática do esporte olímpico, principalmente, é dado pensando no retorno eleitoreiro, muitos atletas e treinadores, a exemplo de Dunga, estão dando duro enquanto eles estão nos gabinetes com toda estrutura necessária para cumprir seus mandados: indo do ar condicionado ao seu bom salário, “passando” pelo cafezinho, boa vida, carros e aviões à disposição.
Torcer, vibrar, comemorar as grandes conquistas, mesmo sendo de outros, todos têm direito. Inclusive os políticos. Só não podem é querer aparecer à custa de pobres, porém bravos lutadores pela vida.
Da Redação
A Olimpíada da China avança para o seu final. Até lá muitas lágrimas – de alegrias ou de tristeza -, ainda vão descer rosto abaixo. Alguns atletas serão “imortalizados”, ovacionados, carregados nas costas dos fãs e admiradores e até ganharão comendas como recompensa além das cobiçadas medalhas; outros, infelizmente, voltarão para casa tristes, humilhados, sentindo-se derrotados e fracassados ante os olhares repugnantes de muitos que, desses suadores, aguardavam ou aguardam soltar o grito de alegria, afogando, assim, suas decepções do dia a dia no podium dos vencedores.
O esporte continua movimentando bilhões e mais bilhões de reais pelos campos, ginásios, arenas, parques aquáticos etc nos quatro cantos da terra, e homens de ternos e gravata constroem a sua história através de edificação de suntuosas cidades, tudo isto à custa de sofridos atletas que, às vezes, não têm sequer dinheiro para se deslocarem para os locais de treinamentos ou de competições.
É bem verdade que uma boa parte dos medalhistas tem famílias abastadas, condições e tempo para se prepararem visando às competições. Contudo, a maioria dos atletas vem de famílias carentes, sem uma boa alimentação e condições mínimas necessárias para atingir seus objetivos. Apenas com a cara, a coragem e a esperança de um futuro brilhante ajudados apenas pelos esforços de pais que sofrem para bancar as despesas. Tanto é verdade que sempre que um atleta consegue um feito, agradece aos pais pelo que lhe proporcionaram.
Mas nem sempre os perdedores são perdedores. Lutar sempre, desistir jamais tem sido o lema de muitos atletas, que sofrem por causa de uma razão. E quando não vencem buscam força na derrota para encarar os próximos desafios sem olhar para as críticas nem se alto derrotando, mesmo se derretendo em lágrimas por não alegrar seus incentivadores e colaboradores, na maioria das vezes, seus próprios pais.
O que não é admissível é ver um grande número de atletas competindo, defendendo as cores do país, e longe deles, em Brasília, um grupo de engravatados querendo aparecer. E das tribunas muito tentam encontrar culpados pelo fato de o Brasil para não ter alcançado o êxito esperado em algumas modalidades, a exemplo do que aconteceu com a Seleção Brasileira de Futebol ao ser derrotada pela rival Argentina. E aí ficam os presidentes da Câmara e do Senado Federal criticando os atletas e pedindo a cabeça do técnico Dunga.
Queria eu estar de frente com esses homens que se dizem representante do povo para perguntar-lhes: qual a contribuição deles para a formação de um simples atleta. E mesmo que tivesse não teria nenhuma razão para exigir, pois o ser humano é limitado e não é invencível. E poderiam até pensar que, num país onde o futebol é desorganizado e o incentivo à prática do esporte olímpico, principalmente, é dado pensando no retorno eleitoreiro, muitos atletas e treinadores, a exemplo de Dunga, estão dando duro enquanto eles estão nos gabinetes com toda estrutura necessária para cumprir seus mandados: indo do ar condicionado ao seu bom salário, “passando” pelo cafezinho, boa vida, carros e aviões à disposição.
Torcer, vibrar, comemorar as grandes conquistas, mesmo sendo de outros, todos têm direito. Inclusive os políticos. Só não podem é querer aparecer à custa de pobres, porém bravos lutadores pela vida.
Da Redação
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